As universidades e os politécnicos devem liderar pelo exemplo adotando estratégias de descarbonização
Uma das comunicações apresentadas no ICT24 – Congresso Internacional de Turismo, que este ano se realizou no Mindelo, Cabo Verde, de 26 a 29 de novembro, teve como foco a responsabilidade social e a missão das instituições de ensino superior (IES) em matéria de educação para a cidadania e a ação climática.
A comunicação apresentada por Francisco Dias, intitulada “Instituições de Ensino Superior (IES) com Neutralidade de Carbono: Um imperativo para acelerar a ação climática” resume uma linha de investigação que está a ser delineada no âmbito do projeto FAST e que envolve outros quatro investigadores deste projeto (Alexandra Lavaredas, Dora Gomes, Giovana Almeida e Paulo Almeida), bem como Eunice Lopes, presidente da RIPTUR e professora do Politécnico de Tomar.
O objetivo desta nova linha de investigação consiste em definir e, seguidamente, implementar uma estratégia designada “IES com Neutralidade de Carbono”, extensível a todas as IES da RIPTUR (Rede de Instituições Públicas do Ensino Superior Politécnico com Cursos de Turismo) e que aportará um conjunto de benefícios tangíveis a todas as IES aderentes. Os investigadores apontam quatro grandes benefícios na adoção da referida estratégia, designadamente: (1) permite às IES tornarem-se modelo de liderança e de responsabilidade em matéria de descarbonização e ação climática; (2) reforça a missão das IES no domínio do ensino e da inovação; (3) permite a redução dos custos operacionais das IES com consumos de água e energia; (4) reforça o envolvimento das IES aderentes com as respetivas comunidades.
No pressuposto de que a missão das IES é propiciar aos seus utentes a capacidade de imaginarem e viabilizarem futuros democráticos alternativos e novos horizontes de possibilidades, a estratégia “IES com Neutralidade de Carbono” pretende contribuir para a formação de uma cultura de cidadania mais participativa, mais democrática e mais interveniente em relação às questões globais do ambiente e do clima que preocupam toda a Humanidade.
Do ponto de vista operacional, a estratégia preconizada para as IES permitir-lhes-á atuar como modelos de ação na implementação de práticas sustentáveis. E, com vista à monitorização desta estratégia comum, o projeto FAST já está a desenvolver o ecossistema digital ORVE – Otimização de Recursos e Valorização da Experiência, um sistema “all in one” que inclui todas as funcionalidades necessárias a uma monitorização fina dos impactos ambientais, especialmente concebida para as áreas dos serviços e do consumo turístico. Apesar de ter sido primariamente desenhado para monitorizar os impactos ambientais e sociais da indústria turística, o sistema ORVE é apropriado para a monitorização das pegadas carbónica e hídrica de qualquer instituição e qualquer tipo de consumo, daí que a sua inclusão como ferramenta de apoio à estratégia “IES com Neutralidade Carbónica” seja considerada essencial para o seu sucesso.